viernes, 9 de junio de 2017

Carta pra um amigo


Caro amigo:

Não sei qual será a tua situação, mais, enquanto a minha, entendo que doe saber assim de improviso que o tido por certo perante toda uma vida, não o é; e mais ainda, quando comprovamos que nos tem mentido em nossa mesma cara e com o melhor sorriso. Quando se tem gastado tanto tempo de leituras de pensadores tidos por grandes, que pareciam penetrar efetivamente aquilos cantos do conhecimento que as maiorias desconhecem, ou que, simplesmente, não tem interesse neles; para comprovar, já quase ao fim da nossa agonia que como um castelo de cartas de baralha, algo desaba ante um suave sopro, que muitas das vezes nem sequer estamos dispostos a reconhecer. Com raiba pensamos: Quanto desperdiço!
Há alguns, quê tendo ao seu alcance o saber necessário tem jogando ele no lixo ou no esquecimento, baixo o pretexto de que os sábios deste mundo tem mais nata para saborear e engolir do que aquele velho e poeirento libro cujo Autor paira, lá encima, as vezes Amoroso e outras Ameaçador, mais, ainda que poda aparecer contraditório, extraordinariamente misericordioso e justo. Outros tem limitado dito saber, para recolher só migalhas que nos fornece um catecismo tendencioso: as leituras obrigadas e habilmente direccionadas para nos centrar no imediato, no aquí e agora, as homilias prosaicas, mais altamente contingênciais, que nos fazem acreditar que todo depende de como encaminhamos as nossas obras para chegar na meta e não deixar ao azar um destino indesejado.
Que tragédia, que grande fiasco descobrir que estamos como ao começo, o que  tinhamos crido como pegado foi-se por entre os dedos e, cansados de folhear a folosofia deste mundo, estamos com o vácuo interior ainda intacto. Mais, temos ainda esperança: “Morro porque não morro” nos lembra a Freira de Ávila com seu deus prisioneiro. Nada novo baixo o sol, já o apóstolo dos gentíos o tinha dito ainda que com outras palavras, porém mais profundo: “já não vivo eu, mais vive Cristo em mim”. É assim que começa uma nova vida que vai más além dos limites da morte, mais que, curiosamente, alguns que tem se pendurado o cartel de sabios e entendidos nos falam que tudo acaba ali. Por quê sera então que em todas as sociedades, ainda nas mas primitivas, existe a crença de que há algo mais além do fim da existência terrenal? A explicação nos foi dita lá atrás, pelo Predicador: 3:11 “Tudo o fez formoso no seu tempo; e puz eternidade no coração deles, sem que o homem chegue a compreender a obra que tem feito Deus desde seu começo até seu fim
A vida segue e nosso agonico caminhar vai nos desgastando a carne, mais o espírito mantem-se incólume. Olhamos como o conhecimento se incrementa, mais comprovamos dia após dia que longe de evoluir em consciência, o homem segue igual que pretéritas idades, ainda pior, crescem suas mesquinhas atitudes, seus odeios, suas intenções fratricidas. Sim pareciera que quer se chacoalhar de todas suas ataduras para obter sua liberdade. Embora constatamos com tristeza que só quer se livrar para logo virar escravo no hedonismo alienante de uma vida cheia de prazeres banais, onde o próximo deixa de enxergarse como um igual para se converter num simples objeto que pode se usar como quiser em suas bacanais desprovidas de limites. E ali vem o paradoxo: quanto más “livre” crê estar, tanto más atropela a liberdade dos “outros”, seus iguais, seus vizinhos. Isto faz que as maiorias pisoteadas peçam aos brados as soluções que gerem paz, ordem, seguridade. Chegando cá, estão prontas para sacrificar aquilo tão apreciado e que custou tão grandes lutas, sua liberdade,  em troca de tais bens imateriais tão esquivos.
Não hã, pelo mesmo, evolução como entendia Teilhard de Chardin, como um ascenso na consciência até algum dia chegar a ter aquela consciência superior, esse “ponto omega” onde os egos individuais desaparecem para constituir a unidade… o alma das almas.
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Meu caro, lembro-te o que com certeza ja sabes, há alguém que falou: “Eu sou o alfa e a omega, o principio e o fim”. Esse Alguém é digno de toda confiança, tanto que, pagou o preço da nossa paz, essa paz verdadeira que o homem só pode achar quando reencontra-se com seu Criador, se reconcilia com Ele e é justificado ante Ele. Não pelas nossas boas obras as que perante Deus são como panos de imundice, senão porque Ele deu seu Filho Amado para nos livrar da sentencia que nos condenava á morte, sofrendo Él as feridas e o castigo que nós merecíamos, para assim nos dar a passagem para a vida abundante.
É preciso pois voltar para a humildade, simplicidade, como aquela que mostram as crianças. Lembo ensinanças de vida recebidas da minha filha mais nova quando começava, nos seus primeiros anos, fazer uso da sua capacidade de raciocinar : Ela corrigia quando eu informava em casa que lá fora esta nevando (no espanhol: nieve). “Papai, não se dis nevando, se deve dizer nievando; não viu que a palabra é “nieve”?” É essa lógica, simples, inocente, profundamente sincera a que deveríamos cultivar para penetrar nos mistérios da nossa existência neste universo que, se levantamos nossa mirada, nos sorprende e deixa maravilhados até ficar estupefatos. Simplicidade e humildade, como os Trapenses de Duenhas, cuja hospitalidade, sem luxo nenhum, pareceria rústica, mais é na realidade profundamente caprichada, ou melhor, divinamente inspirada ao enxergar no próximo sedento de paz espiritual, aquele Rei que falou: Mateo 25:40 “E respondendo o Rei lhes dirá: Em verdade vos digo que por quanto o fizeste para estes meus irmãos más pequenos, para mim o fizeste."

Sei que você tem em mente que o Supremo Criador resiste os soberbos e da graça para os humildes. E que melhor graça que ser elevado para a condição de filhos do Altíssimo. Fica assim restabelecida a comunhão perdida por escutar e acreditar na Serpente Antiga, começando lá, no jardim das delicias. Isso sim, por médio da fé naquele que deu a sua vida para pagar o resgate dos que, pelas nossas transgressões, estavamos condenados á morte eterna. Comum-união que começa cá, com um simples e profundo ato de fé e nossos pecados passados, atuais e futuros, são deletados. Como diz Hebreus 8:12 “ porque serei propício a suas injustiças e nunca más me lembrarei de suas iniqüidades”.
 Não precisamos esperar para evoluir ate chegar nessa Conciencia Suprena. A perfeita comunhão com quem é O Alfa e a Omega, está garantida para aqueles que tem aceitado essa graça.
Que meu Deus e Salvador possa te abençoar para que estes entre os poucos por Ele escolhidos.

Recebe um grande e forte abraço de,

Teu irmao em Cristo.